ENTREVISTA: Diretoria reeleita do Sinait-SP fala sobre os planos para a gestão, a luta por melhores condições de trabalho e para ampliar a participação da categoria

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Andre Montanher

Diretores reeleitos da DS, no encerramento do 39º Enafit

As eleições realizadas entre os dias 6 e 11 de outubro resultaram na reeleição dos componentes da chapa “Perseverar” ao comando da Delegacia Sindical (DS) do Sinait-SP até 2026. O grupo é composto pela presidenta, Ana Palmira Arruda Camargo; a vice Lívia Ferreira, a diretora de Finanças, Gabriela Albuquerque; a diretora adjunta de Finanças, Silvia Tibiriçá; o diretor de Planejamento e Administração, Celso Haddad; e a diretora adjunta de Planejamento e Administração, Alice Marzano.

O grupo concorreu e venceu em chapa única, a exemplo do que ocorreu no plano nacional. E se para alguns o resultado neste sistema se traduz em aprovação prévia e definitiva pela categoria, o raciocínio não satisfaz a presidenta Ana Palmira Arruda Camargo.

“O Sinait-SP precisa de mais participação, a exemplo do Sinait Nacional. Vivemos um tempo onde a luta coletiva fica em segundo plano, e isto não leva a nada”, afirmou ela, criticando a presença menor  que o esperado, de chapas e visões concorrentes. Ele promete empenho para ampliar a participação da categoria no cotidiano da DS.

Na entrevista abaixo, integrantes da diretoria reeleita discorrem sobre as perspectivas deste novo mandato, as propostas e as posições diante dos grandes temas da carreira. Carreira que vive a expectativa de ações concretas, por parte de um governo federal que fala em “Reconstrução” – algo crucial para o Ministério do Trabalho e Emprego. Confira:

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Ana Palmira Arruda Camargo – presidenta

Sinait-SP – Chapa única traduz aprovação prévia e definitiva?

Ana Palmira Arruda Camargo – Não pensamos assim e nem era a nossa intenção ser chapa única, muito pelo contrário. Chapa única quer dizer que temos menos pessoas dispostas a encarar esta luta. Gostaria que mais gente se colocasse à disposição. Solicitamos bastante que mais gente pudesse se manifestar, e inclusive estamos abertos agora, a qualquer momento.

Sinait-SP – Como aproximar mais a Delegacia Sindical da categoria?

Lívia Ferreira - vice-presidente
Lívia Ferreira – vice-presidenta

Ana Palmira – O esforço é permanente. Não é uma dificuldade exclusiva nossa ou mesmo do Sinait Nacional. Entendo que as pessoas estão com pouca predisposição para as questões coletivas. Elas querem uma vida melhor, mas não estão em sintonia com o todo. Isto não é bom. Nossa luta é para que as pessoas consigam enxergar a importância da luta coletiva. A própria realização do 39º Enafit em SP foi um momento de destacar a luta coletiva. Tenho esperança que as coisas mudem gradativamente. Se conseguirmos a adesão de dois ou três colegas, que sejam, já será uma vitória.

Gabriela Albuquerque, diretora de Finanças

Sinait-SP – O grande contexto nacional, que vai permear o período desta nova gestão da DS, é o novo concurso?

Ana Palmira – A abertura do concurso merece elogios – 900 vagas é um número muito grande, denota compreensão do governo sobre a importância do nosso trabalho. Por outro lado, é o mínimo que poderíamos esperar de um governo democrático e que tem origem num partido dos trabalhadores.

A luta do Sinait não é simplesmente a luta de uma categoria, neste caso. É a luta pelos direitos trabalhistas em si. Lutamos para que a gente tenha material de trabalho e que possamos garantir estes direitos. Imaginar que tenhamos mais 900 nesta luta é uma coisa boa, mas sabemos que ainda que dobre este número, não cobriremos as lacunas de efetivo na carreira. Esperamos que durante a validade do concurso, mais Auditores sejam chamados.

Silvia Tibiriçá – diretora adjunta de Finanças

Além disso, não poderemos apenas bater palmas para a chegada de mais 900 colegas. Teremos de analisar que tipo de Auditor será este, fazer um trabalho de formação. Chamar os 900 é apenas uma parte da luta.

Sinait-SP – A entidade pleiteia quantos Auditores para São Paulo?

Ana Palmira – Estamos afinados com a Superintendência Estadual, que até por dever de ofício pleiteia o maior número possível. Todas as unidades da federação farão o mesmo. Se viessem metade destes 900 novos Auditores para SP, poderíamos dobrar o número aqui.

Mas temos que pensar que há outros lugares carentes e que também buscarão ampliar o número de AFTs (Auditores Fiscais do Trabalho). E não é só aumentar o número de Auditores, precisamos de projetos consistentes, orçamento para a fiscalização, recursos para a formação constante dos Auditores. Precisamos de qualidade, e não apenas de quantidade.

Celso Haddad, diretor de Planejamento e Administração

Temos tido avanços com a qualidade da inspeção, a categoria se desdobra bastante e tem o auxílio da tecnologia. Mas isto não é suficiente, assim como aumentar o contingente não é suficiente. É preciso formação, ampliar a capilaridade do Ministério – chegar onde está o trabalhador. A demanda pelo nosso trabalho hoje é descomunal – basta a divulgação de nova legislação trabalhista para que as unidades do Ministério do Trabalho e Emprego recebam um grande  número de trabalhadores imediatamente.

São Paulo tem um mercado de trabalho com tamanho incomparável ao do restante da Federação. Somos ricos, mas aqui temos trabalho escravo, precariedade, e desafios amplificados.

Alice Marzano -
Alice Marzano – diretora adjunta de Planejamento e Administração

Sinait-SP – A Delegacia Sindical tem entre suas preocupações a estrutura precária de algumas gerências/agências e a falta de servidores administrativos?

Gabriela Albuquerque – Sim, essas são grandes preocupações nossas e são lutas que encampamos, pois nossas gerências e agências sofrem com a estrutura material atual. Também sofre a população trabalhadora com a carência de servidores administrativos.

Atualmente, muitas das agências estão fechadas exatamente pela falta desses servidores administrativos, o que impacta diretamente na população.

Sinait-SP – E a questão do Bônus de Eficiência? A verba do transporte?

Ana Palmira – Continuaremos a luta pelo Bônus – hoje a batalha é pela regulamentação. Como a aprovação ocorreu durante o Governo Dilma, temos confiança no compromisso deste mesmo grupo político para o cumprimento do acordo firmado em 2016. São mais de sete anos de luta e gestão do sindicato para a regulamentação.

A indenização de transporte tem o mesmo valor há mais de 20 anos, isto é insustentável. Nossa luta é por melhores condições de fiscalização, e o pleito principal é para que o Estado forneça o veículo conduzido por motorista profissional. Não nos oporemos se inicialmente for reajustada a indenização, mas isto não resolve o problema.