Andre Montanher
9.027 pessoas visitaram a exposição fotográfica Oficina do Suor – série de imagens que retratam trabalhadores em situação análoga à escravidão, nas oficinas de confecção de roupas de São Paulo-SP –, e que foram expostas na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Bom Retiro) entre setembro e outubro deste ano. A mostra, aberta e gratuita, foi organizada pelo Sinait-SP.

“Nada como a arte para promover a denúncia de uma realidade trágica. Neste sentido, a exposição cumpriu o objetivo com louvor”, analisou a diretora Lívia Ferreira, ela própria uma das Auditoras envolvidas no trabalho de inspeção das oficinas irregulares, onde o trabalho análogo ao de escravo é a realidade de muitos imigrantes.
Os instantâneos são do fotógrafo e Auditor-Fiscal do Trabalho Sergio Carvalho, para quem “a fotografia cumpre papel histórico de denunciar e dar visibilidade a essas formas de exploração trabalhista”. “A vulnerabilidade destes trabalhadores e a falta de perspectiva nos países de origem, os levam a aceitar jornadas exaustivas de trabalho, em ambientes irregulares nos quesitos saúde e segurança. Uma situação agravada pela presença frequente de crianças no ambiente fabril”, afirmou.

Em setembro, a Oficina foi visitada pelos Auditores presentes ao 39º Enafit.
REALIDADE
As fotografias foram tiradas durante as inspeções. A indústria da moda brasileira, apesar de pujante em produção e faturamento, agrega de forma fragmentada uma série de pequenos prestadores de serviços, muitos irregulares. A função mais elementar do processo acaba sendo legada a precários arranjos produtivos, e a convocação de trabalhadores na sua imensa maioria sul-americanos.
“As fotos mostram situações que atentam contra o patamar mínimo de dignidade na vida e no trabalho. De forma artística, ilustram a importância da Inspeção do Trabalho no Brasil, que age pela proteção dos direitos fundamentais dos trabalhadores, nacionais ou imigrantes”, finalizou a diretora do Sinait-SP, Lívia Ferreira.
