Uma paradoxal decepção domina a nossa categoria, acerca do processo de recriação do Ministério do Trabalho, rebatizado de Ministério do Trabalho e Previdência. Se para a carreira a notícia poderia sugerir a justa e importante retomada do status, com benefícios ao país, o caráter político dos bastidores revela muito provavelmente o contrário. Bem como a incompetência do governo federal para melhorar as relações de trabalho.
A extinção do Ministério em 2019 seguia orientação deste governo para a desregulamentação do Trabalho, e o sepultamento de qualquer política pública específica, tanto de Inspeção do Trabalho como de geração de empregos. Neste ponto, o da essência, é urgente perceber que a recriação do órgão em nada muda o mote. O Ministério parece ter sido recriado para negar ainda mais sua missão.
Falando aos pares, justo ressaltar que não falamos em causa própria. O status da carreira foi mantido, com derrotas específicas que talvez não se expliquem pela destruição do Ministério. A PEC 32, Reforma Administrativa que ameaça o conjunto do serviço público, tampouco tem diferença de impacto com ou sem um Ministério do Trabalho.
Aqui, a categoria fala em benefício do país. Sem o órgão, foi ameaçada sobremaneira a Inspeção do Trabalho, sindicatos legados ao segundo plano, e uma ausência total de política para o setor. A recriação ocorre para acomodar personagens políticos de um governo acuado, e que do ponto de vista técnico coadunam totalmente com o desmonte do órgão que paradoxalmente assumiram.
Criar e extinguir ministérios não muda a essência de uma gestão. A categoria segue com sua tarefa, com olhar crítico
Diretoria da Delegacia Sindical do Sinait São Paulo – Sinait-SP