Por Lourdes Marinho/Edição: Nilza Murari
O desmonte do Estado brasileiro, os impactos para a sociedade, as consequências para o serviço público e servidores públicos, as perspectivas e estratégias de luta para o enfrentamento durante e depois da pandemia do coronavírus foram debatidos na abertura do Seminário Nacional “A conta não pode ser do servidor e do serviço público”.
O evento realizado de forma virtual pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais – Fonasefe, nesta segunda-feira e terça-feiras, 15 e 16 de março, reúne lideranças sindicais do serviço público nacional, estadual e municipal. Busca alternativas contra os ataques do governo aos servidores e serviço público e à sociedade em geral.
Nesta manhã, o presidente do SINAIT, Bob Machado, participou do debate e destacou a atuação dos servidores públicos na linha de frente no combate a pandemia. Disse que os servidores públicos têm se mostrado essenciais nessa crise sanitária. “O que seria da nossa população, da nossa sociedade sem o SUS?”, questionou.
Disse também que o momento é de extrema dificuldade para a sociedade, principalmente para os servidores públicos. “Todos os dias temos servidores da saúde, da segurança pública, Auditores-Fiscais do Trabalho, entre outros que estão no cumprimento de seu dever, perdendo suas vidas”.
Para o dirigente sindical, os servidores precisam se unir e criar mecanismos de comunicação/conexão com a sociedade para desconstruir a narrativa que vem sendo construída há décadas de que os servidores públicos são um peso. “Precisamos mostrar que são esses servidores que estão salvando vidas e arriscando suas vidas que estão sendo prejudicados com a PEC 186”, reforçou.
Segundo ele, iniciativas como a PEC da Reforma Administrativa – PEC 32/2020 e PEC Emergencial – PEC186/2020 e Emenda Constitucional – EC nº 95, do teto de gastos, que têm como finalidade o acúmulo de capital, dificultam o contraponto, uma vez que vilanizam aqueles que estão perdendo suas vidas em defesa da sociedade e também precisam dos cuidados do Estado.
Bob Machado disse ainda que o mundo caminha para mais Estado. Citou como exemplo o pacote de 2 trilhões de dólares anunciado pelos EUA na semana passada, que demonstrou o que um governo tem que fazer, que é sustentar sua população em um momento de crise. “Este é o motivo da existência de um governo: proteger a sociedade e não pequenas fatias dela que detêm o maior número de poder acumulado através do capital”, argumentou o presidente do SINAIT.
Segundo ele, antes da pandemia, já havia uma redução dos postos de trabalho no mundo em razão das novas tecnologias, como a robótica e inteligência artificial, o que vinha sendo discutido em nível global. Ou seja, como os Estados devem agir para proteger a vida das pessoas. “Esta situação foi agravada com a pandemia”, ressaltou.
Bob Machado disse que o aumento da desigualdade, trazido na fala de Maria Lúcia Fatorelli, na abertura do seminário, retrata o cenário encontrado pela Fiscalização do Trabalho todos os dias. “Esse aumento da desigualdade coloca mais pessoas em situação de vulnerabilidade. Quando isso acontece, precisa de mais Estado para garantir o alimento, a moradia. Infelizmente, no Brasil, esses setores organizados da sociedade que não têm sensibilidade humana para enxergar que lá na ponta já morreram mais de 280 mil brasileiros e brasileiras com a pandemia. Continuam avançando e visando aquilo que sempre visaram, que é apenas o lucro”, avaliou.
“O SINAIT está irmanado na luta para que possamos demonstrar para a sociedade a real importância do serviço público e do Estado brasileiro para a proteção das famílias”, finalizou.
Os diretores Benvindo Coutinho e Marco Aurélio Gonçalves acompanham as discussões do Seminário.
O Seminário continua nesta tarde. Confira aqui a programação.
O Seminário está sendo transmitido na página do Fonasefe no Facebook.