sexta-feira, 19 abril, 2024
Home202238º Enafit - Cerca de 957 Auditores participam de pesquisa de saúde...

38º Enafit – Cerca de 957 Auditores participam de pesquisa de saúde mental que afere preocupantes níveis de estresse

Por Solange Nunes/Edição: Andrea Bochi

Elevadas prevalências de estresse, depressão e transtorno de ansiedade foram observados em aferição preliminar da pesquisa “Condições de trabalho e saúde mental de Auditores-Fiscais do Trabalho no Brasil”. A pesquisa online contou com a participação de 957 Auditores-Fiscais do Trabalho da ativa de todo o país e seus resultados preliminares foram apresentados pelas pesquisadoras Paloma de Sousa Pinho Freitas, Odete Cristina Pereira Reis e Simone Margareth Martins Holmes nesta quarta-feira, 23 de novembro, em painel da programação técnica do 38º Encontro Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Enafit), no auditório do Beach Class Convention By Hôm, em Boa Viagem, Recife (PE). As exposições foram mediadas pela diretora do Sinait Rosa Maria Campos Jorge. A pesquisa conta com o apoio do Sinait.

De acordo com Paloma Freitas, professora adjunta IV da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), neste resultado preliminar da pesquisa sobre saúde mental foram detectadas elevadas prevalências dos indicadores de saúde mental avaliados, como TMC, depressão e transtorno de ansiedade. “A partir dos instrumentos aplicados, dos 967 Auditores que responderam à pesquisa, 47,3% sofrem de transtornos mentais comuns, 63,6% de distúrbios do sono, 27,4% de depressão e 26,1% de transtorno de ansiedade generalizada”.

Portanto, avalia Paloma, medidas de atenção e cuidado à saúde mental são necessárias. “Medidas de proteção e promoção da saúde devem ser implementadas para redução desses transtornos. Deve-se também estabelecer medidas de assistência de vigilância dos transtornos mentais, com destaque para os fatores de risco psicossocial”.

No entanto, é preciso lembrar, disse a professora Paloma, que o preenchimento do questionário ocorreu durante o contexto da pandemia, momento em que, a saúde mental de todos estava mais sensível. “Tínhamos um universo de cerca de 2 mil Auditores da ativa, no entanto, tivemos 967 participantes que responderam aos questionamentos. Para pesquisas online no contexto de pandemia, esse percentual pode ser considerado satisfatório”.

A pesquisadora Paloma explicou ainda que a análise de dados continua. “Vamos continuar trabalhando na análise dos dados e na divulgação dos resultados obtidos. Assim, aguardem que em breve estaremos novamente em contato trazendo outras informação”.

Desafios

Para a Auditora-Fiscal do Trabalho Simone Margareth Martins Holmes, médica do Trabalho, o preenchimento dos questionários pelos Auditores-Fiscais empreendeu vários desafios para a equipe de pesquisa, dentre eles, o convencimento dos colegas para participar respondendo ao questionário. Outro ponto interessante é o ineditismo do tema, dentro da categoria. “A pesquisa aborda um assunto importante e atual, presente nos diversos ambientes de trabalho”.

Convencimento que mostrou resultados, segundo Holmes, já que houve questionários respondidos em todas as unidades da federação. “Na região Norte, obtivemos 68 respostas; 256 no Nordeste; 79 no Centro-Oeste; 22 no Órgão Central; 403 no Sudoeste e 139 Auditores na região Sul.

Início da pesquisa

Segundo a Auditora-Fiscal do Trabalho e médica Odete Cristina Pereira Reis, mestranda em ergonomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como resultado de um debate do coletivo de mulheres Auditoras-Fiscais do Trabalho. “A ideia tomou forma durante as discussões realizadas no coletivo de mulheres Auditoras-Fiscais do Trabalho, o ‘Trabalho Por Elas’”.

Durante o encontro, disse Odete Cristina, após aula ministrada pela professora Tânia Maria de Araújo, professora do Departamento de Saúde, Coordenadora do Núcleo de Epidemiologia – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), num Curso de Extensão em Saúde e Segurança do Trabalho, para Auditores-Fiscais do Trabalho, as experiências trocadas mostraram a necessidade de tratar sobre o tema da aula ‘Como o trabalho humano afeta a saúde mental das pessoas?’. “Nas conversas detectamos assédios, constrangimentos e outros fatores que levam ao adoecimento e ponderamos que essas situações precisavam ser avaliadas”.

A pesquisa desenvolvida de 5 de maio a 20 de setembro de 2022, por meio de um questionário respondido pela internet, teve três principais objetivos: conhecer o perfil sociodemográfico dos AFT em todo o país; identificar os fatores psicossociais (estresses ocupacionais presentes nas atividades); e por fim, avaliar os fatores de estresse e adoecimento mental.

Ao final das exposições, as pesquisadoras disseram que esperam com a análise de dados poder ajudar e contribuir com os resultados obtidos, auxiliar a instituição, os trabalhadores e as trabalhadoras a fim de direcionar alguns aspectos da estrutura psicossocial laboral de modo a promover ambientes mais saudáveis de trabalho, com especial atenção para a saúde mental.

RELATED ARTICLES

Mais Vistos